Uma paisagem como biografia, 2010
4 fotografias impressas em jato de tinta e áudio
20 cm x 20 cm cada
Era o porvir-em frente do passado
Castro Alves
Os arquivos de fotografias de família despertam um retorno, uma presença em acontecimentos em que muitas vezes sequer havíamos nascido. Geralmente, quando escolhemos as imagens que irão compor nossos álbuns, preferimos aquelas que consideramos bonitas e desejáveis para a posteridade. Mas o que quatro fotografias, aparentemente sem significado para a família, nas quais o foco é o céu, podem estar fazendo em um álbum? Foi fazendo esta pergunta que imediatamente retornei ao momento da produção das imagens. Foram fotografadas por mim em meados de 1978, quando tinha 5 anos. Naquele dia, uma coloração inusitada nas nuvens chamava a minha atenção e fotografá-las era apenas parte da brincadeira de desvendar o acontecimento. Lembro de me sentir detentora de um certo poder, afinal só eu, com meu aparelho poderia perpertuar aquele instante. Mesmo que o uso da câmera fosse despojado de uma intenção artística, não poderia chamar estas imagens de ingênuas. O passado é inerente ao objeto, mas o futuro já é apontado, sinalizando, além de um gosto que se perpetuou, minha maneira de ver o mundo. As pequenas dissonâncias de forma e de cor entre uma imagem e outra, narram a história vista com olhos de criança. Entretando, este ensaio não trata de recontextualizar um arquivo de família esquecido, mas pretende reviver as sensações do fazer fotográfico e perceber o quanto o registro físico de uma imagem pode influenciar em nossas futuras escolhas.
4 fotografias impressas em jato de tinta e áudio
20 cm x 20 cm cada
Era o porvir-em frente do passado
Castro Alves
Os arquivos de fotografias de família despertam um retorno, uma presença em acontecimentos em que muitas vezes sequer havíamos nascido. Geralmente, quando escolhemos as imagens que irão compor nossos álbuns, preferimos aquelas que consideramos bonitas e desejáveis para a posteridade. Mas o que quatro fotografias, aparentemente sem significado para a família, nas quais o foco é o céu, podem estar fazendo em um álbum? Foi fazendo esta pergunta que imediatamente retornei ao momento da produção das imagens. Foram fotografadas por mim em meados de 1978, quando tinha 5 anos. Naquele dia, uma coloração inusitada nas nuvens chamava a minha atenção e fotografá-las era apenas parte da brincadeira de desvendar o acontecimento. Lembro de me sentir detentora de um certo poder, afinal só eu, com meu aparelho poderia perpertuar aquele instante. Mesmo que o uso da câmera fosse despojado de uma intenção artística, não poderia chamar estas imagens de ingênuas. O passado é inerente ao objeto, mas o futuro já é apontado, sinalizando, além de um gosto que se perpetuou, minha maneira de ver o mundo. As pequenas dissonâncias de forma e de cor entre uma imagem e outra, narram a história vista com olhos de criança. Entretando, este ensaio não trata de recontextualizar um arquivo de família esquecido, mas pretende reviver as sensações do fazer fotográfico e perceber o quanto o registro físico de uma imagem pode influenciar em nossas futuras escolhas.