Nebulosas, 2022
Aquarela s/ papel
Instalação com cinco aquarelas de 150 cm x 490 cm cada
Nebulosas. Gina Dinucci
O Céu é, a um só tempo, fato e abstração, desde sempre abordado pela ciência, pela religião, pela filosofia e pela arte. Motivo de pesquisa para uns, inspiração poética para outros, ameaça ou redenção, ele influencia a vida de todos nós, mesmo quando não se manifesta no pensamento consciente.
Gina Dinucci se ocupa do tema especialmente a partir das nuvens, também elas passíveis de diferentes cargas simbólicas – nebuloso é aquilo que não sabemos decifrar e, portanto, fonte de desconfiança ou mesmo temor. Mas não é essa a percepção da artista. Para ela, é justamente essa indefinição que permite que imaginemos possibilidades surpreendentes. Frutos de intensas experimentações, suas nuvens vão sendo construídas com gestos que não tencionam reproduzir qualquer céu específico, mas seguir o fluxo do eterno movimento tão próprio das nuvens, que não permanecem em repouso por mais de alguns instantes.
Em contraposição à intangibilidade das nuvens reais, os céus de Gina são sólidos, resultando do acúmulo de camadas sobre camadas que incorporam a dimensão do tempo em configurações fantásticas. A técnica escolhida, a aquarela (geralmente pequena e translúcida), também é subvertida e a composição não apenas se agiganta, como ganha densidade. Suas nebulosas exigem gestos grandes e um pensamento mergulhado na superfície do papel. O termo “mergulhar” é usado aqui intencionalmente, já que essas nuvens poderiam ser tomadas por oceanos e, como eles, são profundas, às vezes plácidas e às vezes revoltas.
No edifício projetado por Lina Bo Bardi, a materialidade delicada das aquarelas sobre papel se aninha na arquitetura brutalista, contrapondo suas formas orgânicas à ortogonalidade do concreto pré-moldado. De um lado, a experiência do espaço planejado assentado sobre um chão que já foi natureza intocada; do outro, o resultado de exercícios imaginativos para inventar céus possíveis.
Sylvia Werneck
Texto crítico para a individual Nebulosas na Galeria Fernanda Perracini Milani - Jundiaí - SP.
Aquarela s/ papel
Instalação com cinco aquarelas de 150 cm x 490 cm cada
Nebulosas. Gina Dinucci
O Céu é, a um só tempo, fato e abstração, desde sempre abordado pela ciência, pela religião, pela filosofia e pela arte. Motivo de pesquisa para uns, inspiração poética para outros, ameaça ou redenção, ele influencia a vida de todos nós, mesmo quando não se manifesta no pensamento consciente.
Gina Dinucci se ocupa do tema especialmente a partir das nuvens, também elas passíveis de diferentes cargas simbólicas – nebuloso é aquilo que não sabemos decifrar e, portanto, fonte de desconfiança ou mesmo temor. Mas não é essa a percepção da artista. Para ela, é justamente essa indefinição que permite que imaginemos possibilidades surpreendentes. Frutos de intensas experimentações, suas nuvens vão sendo construídas com gestos que não tencionam reproduzir qualquer céu específico, mas seguir o fluxo do eterno movimento tão próprio das nuvens, que não permanecem em repouso por mais de alguns instantes.
Em contraposição à intangibilidade das nuvens reais, os céus de Gina são sólidos, resultando do acúmulo de camadas sobre camadas que incorporam a dimensão do tempo em configurações fantásticas. A técnica escolhida, a aquarela (geralmente pequena e translúcida), também é subvertida e a composição não apenas se agiganta, como ganha densidade. Suas nebulosas exigem gestos grandes e um pensamento mergulhado na superfície do papel. O termo “mergulhar” é usado aqui intencionalmente, já que essas nuvens poderiam ser tomadas por oceanos e, como eles, são profundas, às vezes plácidas e às vezes revoltas.
No edifício projetado por Lina Bo Bardi, a materialidade delicada das aquarelas sobre papel se aninha na arquitetura brutalista, contrapondo suas formas orgânicas à ortogonalidade do concreto pré-moldado. De um lado, a experiência do espaço planejado assentado sobre um chão que já foi natureza intocada; do outro, o resultado de exercícios imaginativos para inventar céus possíveis.
Sylvia Werneck
Texto crítico para a individual Nebulosas na Galeria Fernanda Perracini Milani - Jundiaí - SP.